De volta aos pratos e a cultura!

Estamos vivendo épocas difíceis e diferentes, muitas coisas tem acontecido no mundo e no particular de cada pessoa. Muito aconteceu por aqui também, deixando o site e o podcast num hiato. Mas depois de tomar um tempo para mim, além de pensar muito no que desejo e quero passar para os leitores e/ou ouvintes, vamos ter algumas mudanças, tudo para melhor conteúdo para vocês!

Aguardem novidades!!!

Temperando a vida: canela e cravo-da-índia

                O que é tão valioso que fariam mares e terras serem descobertos? Que dariam a países poder, dinheiro e objetivo a se seguir? Não são minerais, armas, nem tampouco petróleo: são os temperos! Viagens até as índias eram a maior preocupação de impérios antigamente, o que levava a estudos e rotas para maximizar o ganho das especiarias lá adquiridas. Isso levou ao descobrimento de muitas terras, de muitas inovações, tudo basicamente para tornar o prato em algo a mais, transcender o sabor original que se tinha nos alimentos, dando uma nova cara e um novo objetivo.

Descobrindo o poder do tempero

                No começo os temperos não foram descobertos com o objetivo de deixar um alimento mais saboroso, mas sim para manter ele comestível por mais tempo. Não haviam lugares para se armazenar as carnes e alimentos adquiridos a milênios atrás, com isso, nossos descendentes descobriam nas pimentas e em outras especiarias uma forma de que a carne obtida não ficasse com um cheiro tão ruim e que demorasse mais para que as bactérias atacassem, devido ao fato da própria pimenta em si ser um composto químico criado pela planta como forma de defesa desses organismos. Esse conhecimento foi sendo passado de geração a geração, para que com as primeiras sociedades sendo formadas, o hábito de se temperar uma comida já era bem estabelecido.

                Com o alimento sendo algo tão importante, o que preservava e aumentava o sabor dele teria a mesma importância, as vezes até maior, fazendo com que os temperos fossem extremamente valiosos e caros. Exemplos como o do açafrão hoje em dia, um dos itens mais caros do mundo.

                As origens dos temperos variam, pois cada região teve suas origens, como o orégano que veio da Grécia, páprica e baunilha que vieram do México, alho da Ásia central, dentre centenas outras. Por isso, o que desejo hoje é tirar o estigma de muito que pensam em vários temperos somente para os pratos mais trabalhados.

                São muitos temperos, muitas histórias e muitas possibilidades, então vamos descobrindo e explorando alguns, deixando a estante cheia de opções e conhecimento!

cravo-da-índia

               Com o aroma forte, quase picante, é um dos temperos que mais marca sua presença em um prato. Seu nome tem origem do francês “clou”, que significa prego. Acredita-se que tenham se originado nas Ilhas Moluca, na Indonésia. Madagascar e Zanzibar são os maiores exportadores de cravo, onde as árvores que dão origem ao produto estão presentes em milhares de acres da região. O que usamos do cravo são os botões da flor da árvore de cravo, porém secos. Era bastante usado antigamente como antisséptico bucal e como erva medicinal.

                Hoje muito associado a doces, teve a origem de uso nesses produtos devido a qualidade repelente de insetos que tem, permitindo aos preparos terem um tempo maior de preservação. Além de ser usado em doces, também usados no garam masala, picles diversos, molhos para salada e até algumas carnes.

canela

               A doce e terrosa canela vem diretamente da casca interna de várias árvores do gênero Cinnamomum. É uma das primeiras especiarias que se tem conhecimento. Os romanos usavam da fragrância vinda da canela em funerais. Seu nome tem origem do latim cannella,  diminutivo de canna (cano, tubo), devido ao seu formato após a extração.

                O Vietnã é de onde vem a Canela Loureirii, considerada a canela mais pura, chamada muitas vezes de canela verdadeira, porém é da Indonésia que tem a maior quantidade do produto. Muito usado em cozidos indianos, doces e pratos salgados, a canela é bem dinâmica para uso tanto em cafés, almoços ou sobremesas.

Da costa ao mundo: De onde vem a Paella?

A combinação de arroz, açafrão e frutos do mar é como mundialmente conhecemos a Paella, prato tradicional Espanhol, ícone deste país. O preparo é tão antigo quanto é famoso, remetendo a origens humildes de fazendeiros.

Trabalhadores rurais fazendo sua Paella de almoço

Da fazenda para a fama

            A Paella era a alimentação padrão de dos fazendeiros e trabalhadores de fazendas originalmente. Feita de arroz e mais o que estivesse a disposição na sua região: tomates, cebolas, ostras, com alguns feijões sendo adicionados para agregar sabor. As carnes utilizadas geralmente eram de coelho, pato ou frango, sendo adicionado um pouco de açafrão para um toque a mais de sabor e cor ( não confundir este açafrão, que é proveniente do pistilo de uma flor, que é uma das iguarias mais caras mundialmente, com a cúrcuma, popularmente chamado de açafrão-da-terra). O prato era comido diretamente da panela.

            Hoje em dia Valência é considerada a terra da Paella, então não é de se estranhar que é nessa cidade portuária que a história tem continuidade. O arroz da região foi se tornando cada vez mais aceitável desde que foi introduzido no país pelos árabes em meados do século VIII, ao ponto de que houve um decreto no século XIII que permitia o consumo somente do arroz valenciano. Devido a essa proximidade do mar o prato foi se solidificando e ganhando fama com sua versão utilizando frutos do mar.

Paella Espanhola Tradicional

Por que “Paella”?

            O nome Paella vem não do prato em si, mas do preparo, visto que essa palavra é na verdade o que se refere a “panela”, em Valenciano antigo (um idioma único da região, tal como o Castellano). Apesar disso, algumas teorias dizem que pode ter origem da palavra árabe “Baqiyah”, que significa “sobras”, remetendo assim a origem humilde do prato.

            Se tal qual na origem e com seu desenvolvimento é observado diversas variações do prato, hoje em dia com seu alcance global não é difícil encontrar receitas usando de ingredientes regionais para a criação da sua própria interpretação da Paella. Como um mineiro apaixonado, deixo a seguir uma receita já reproduzida e muito amada de Paella à Mineira:

Paella à Mineira

paella à mineira

Puttanesca: origem e receita

A gastronomia é algo que pode ser encontrado em todo lugar, então muitos pratos podem ter qualquer origem. Nunca se deve então desmerecer de onde vem seu alimento.

O nome “alla puttanesca” pode levar a suposições rápidas na cabeça de muitas pessoas de que este prato tem alguma relação com prostitutas. Digo a essas pessoas: você não está completamente errada!

Por mais que pareça estranho para nós, a prostituição tem contextos diferentes ao redor do mundo, sendo que na Itália a profissão deu origem a este prato, no qual o nome se traduz a “moça da noite”.

Os tempos de guerra

Prostituas esperando um cliente, em Nápoles

Muitos molhos italianos datam de centenas de anos atrás, porém o puttanesca tem sua origem mais proximo de nós, em uma epoca bastante turbulenta: a 2ª Guerra Mundial.

A Itália oferecia muitas oportunidades para as mulheres que lá moravam, tanto dentro do país quanto fora, porém em tempos de guerra, isso mudou. Com isso, muitas delas recorerram ao trabalho noturno nos prostíbulos. Para os italianos, isso não era de um tabu como é no Brasil, inclusive após a guerra os filmes de Sophia Loren tocavam no assunto.

Muitos remetem a origem a Roma, porém é mais provavel que o prato tenha se originado em Nápoles, terceira maior cidade da Itália. Com produtos simples da região como anchovas, alcaparras, azeitonas e tomate, o molho era de fácil preparo, levando a acreditar que o prato foi criado entre as prostituas, para se alimentarem entre um cliente e outro.

O aroma que impacta

Por mais que essa história seja a mais contada, ainda existem divergencias, afirmando que o nome do prato vem dos aromas presentes no molho, que eram preparados em restaurantes em baixo de bordeis, que mantinham suas persianas fechadas para o máximo de descrição.

Alguns ainda dizem que vem do sabor exótico do molho, como uma referencia ou brincadeira à profissão.

Como fazer uma massa alla puttanesca

INGREDIENTES:

220g de macarrão tipo Espaguete

25ml de azeite

440g de tomate sem pele

6 filés de aliche ou anchova

14 unidades de Azeitona Preta

1/2 colhe de sopa de alcaparras

1 cebola branca pequena

1 dente de alho

1 molho de salsinha

1 molho de manjericão

Sal a gosto

Como fazer:

  • Separar líquido para o macarrão. quando a água estiver fervendo, adicionar a massa. Escorrer antes de dar o ponto al dente. Reserve um pouco da água
  • Aquecer o azeite numa panela separada e adicionar o aliche para dourar até desmanchar.
  • Acrescentar a cebola, o alho, as azeitonas e as alcaparras à mistura.
  • Amasar manualmente os tomates e adicionar ao refogado. Deixar ferver.
  • Após o molho atingir uma textura aveludada, misturar a massa quente, e um pouco da água de cocção da massa.
  • Verificar se é necessário corrigir o sal e Finalizar com salsinha e manjericão, e mantecar com azeite.

Parmigiana bem além de Parma

Não consigo deixar de mostrar minha paixão pelos pratos italianos, tanto que novamente aparece aqui a história de um dos meus pratos favoritos, que sem coincidência alguma, tem sua origem também da Itália. O Parmegiana tem diversas variações, seja com berinjela, carne, frango ou macarrão, cabe então procurar e entender bem qual destas deu origem a isso tudo!

Origem em camadas

O nome tradicional é “parmigiana“, podendo levar muitos a pensar que vem da cidade de Parma, porém este é um erro comum. O prato original consta de fatias finas de berinjela, intercaladas de muita quantidade de queijo parmesão e molho de tomate. A palavra tem origem da cidade da Sícilia (que junto com Campagna dividem a origem do prato) e se refere as janelas com tiras de madeiras em camadas.

Parmigiana di melanzane

As variações vem dos imigrantes que se alocavam em regiões italianas, mesclando a forma de preparo com seus alimentos preferidos. Por conta desta forma informal de cozimento e mudanças na receita, poucas destas tem registros escritos, porém podemos ver alguns relatos de algumas delas. O parmegiana feito com a bisteca de vitelo batida, empanada e frita por imersão tem sua origem relacionada a cidade de Milão, onde registros do escritor italiano Pietro Verri datam o prato do ano de 1134.

Para realizar aquela vontade de experimentar as origens, segue a receita do clássico parmigiana di melanzane:

Ingredientes: (4 porções)
3 unid de berinjelas
3 unid de ovos
150g de farinha de trigo
300ml de molho de tomate
Parmesão ralado a gosto
Sal a gosto
Óleo para fritar

Modo de Preparo:
1. Descasque e fatie a berinjela no comprimento. Bata os ovos com um pouco de sal, mergulhe as fatias na farinha e depois no ovo. Frite-as.

2. Em uma assadeira, forre o fundo com um pouco de molho e em seguida as fatias de berinjela com um pouco de molho e parmesão e assim intercale todas as fatias. Termine com o parmesão e em um forno quente leve para gratinar o queijo.

Sirva em seguida.

Receita retirada do site: https://www.guiagphr.com.br/

O jeitinho brasileiro para mudar as comidas

O brasileiro tem tradição gastronômica, diversas histórias e uma cultura enorme dentro dos pratos clássicos, mas isso não quer dizer que, para grande parte da população, não possamos ter no dia-a-dia uma variedade de comidas com origem dos mais diversos países. O grande problema é: não tem como você ter certos pratos disponíveis para todos da população, seja por conta de preparo, ingredientes ou sabores que podem não agradar a maioria, mas o brasileiro não liga para isso, dando seu jeitinho para tornar mais de casa uma série de pratos.

Mudando para agradar

Pratos como strogonoff russo ou o cappuccino italiano não tem ingredientes mega complexos, podendo facilmente ser feitos da forma tradicional em nossas terras, mas o que chegou em nossa terra já não era o mesmo que foi criado em suas terras natais. Muito do que comemos hoje é uma versão importada dos americanos, para então no cotidiano e com os ingredientes que mais tínhamos a disposição fosse sendo criado uma versão que agradasse grande parte da população.

O doce é algo que agrada demais ao brasileiro, o que acaba guiando o paladar de muitos para a recusa de sabores mais puxados para o amargo ou azedo. Um pouco de ketchup num molho que leva tomate, um chocolate no cappuccino, toda forma de puxar um sabor mais adocicado para aliviar os sabores mais destoantes do dia-a-dia é bem vinda para a população. Hoje em dia não é difícil de procurar e achar as versões originais desses pratos, mas se prepare, vai perceber quando experimentar exatamente o que fazemos com os pratos gringos.

É gostoso, mas falta algo…

Chegamos no assunto que tanto cria polemicas e discussões na internet: o tanto que amamos variedade em qualquer prato! O clássico cachorro quente americano se assustaria ao ver combinações extremas de puré, queijo, molho, azeitona, frango, batata palha e o que mais der na cabeça. A pizza tem tanto espaço, por que não criar variedades com carnes, frutas e até doces? Só arroz e peixe? Esse sushi merece um queijo e salgadinho, pensam muitos.

Imagens de hambúrgueres de lanchonetes de bairro empaturrados com ovos e batata palha, croissant recheado de variedades múltiplas de carnes ou temaki com até 6 ingredientes podem assustar os moradores dos países de origem destes pratos, mas se observar bem tudo vai perceber algo em comum: o brasileiro gosta muito daquilo que lhe agrada, então criou-se o hábito de se colocar o máximo de ingredientes possíveis, para se aproveitar a mistura de sabores.

Buscando sempre ter a melhor refeição que puder daquilo, os locais de monte você mesmo, cardápios em que os itens somente variam na quantidade de ingredientes, começando de um x-burguer até um duplo x-egg-bacon-especial, pizzarias rodizio são alguns dos exemplos que mostram o interesse do brasileiro em sempre procurar ter o máximo possível daquele prato, possibilitando se empanturrar com pouco.

O único pedido que tenho é: não deixe a versão brasileira, que ja se acostumou tanto te afastar do que é o original. O que aquele prato pretendia entregar de sabor é diferente do que é entregue pelas nossas variedades, então se parar um dia, experimentar um hot-dog clássico, pode ser que descubra uma nova versão favorita, ou até algo novo para colocar no nosso cachorro quente!

Risoto, da Itália até os pratos!

Se formos falar de Itália, muitas coisas vem a mente, uma delas é o risoto. Prato icônico deste país, que apesar de toda sua simplicidade, traz consigo muita elegância e versatilidade, podendo ter seu sabor facilmente guiado pelos acompanhamentos colocados nele. Mas se vamos falar de história, iremos entender qual foi o primeiro risoto e o que foi necessário para que seja criada essa maravilha!

Ingredientes do famoso Risotto alla Milanese

arroz, do básico ao mais rico

Foi somente na Idade Média que países como a Espanha e a Itália conheceram o arroz, trago para eles pelos árabes. A umidade presente no mediterrâneo permitiu a esse alimento prosperar, tendo grandes produções de um alimento com qualidade alta. Não demorou muito para que toda a fama do arroz italiano conquistasse o resto do mundo.

Quanto mais se falava, mais se consumia, logo, mais arroz era plantado. Toda essa expansão nos leva até Milão (que na época estava sob domínio espanhol), onde esse alimento tornou-se essencial para o dia-a-dia. Juntamente com os modos de preparo lentos bastante comuns na cidade, foi sendo criadas novas formas de preparo do arroz, procurando nele uma maior riqueza de sabores, adicionando temperos como o açafrão, criando assim o famoso Risotto alla Milanese.

Risotto alla Milanese

Risotto alla Milanese

A primeira vez que se tem conhecimento do risoto sendo preparado é proveniente de um casamento ocorrido em 8 de setembro de 1574, onde a filha de um artesão de vidros, Valerio de Flanders, iria se casar com um assistente de seu pai, apelidado de “Zafferano”, devido ao apreço que este tinha pelo açafrão. Os amigos de Zafferano resolveram então homenageá-lo, preparando um arroz colorizado com o tempero tão apreciado do noivo. Mesmo preparado como forma de brincadeira para ele, o prato foi de imenso sucesso e não sobrou nada. Acredita-se então que está é a história do famoso prato.

Para os curiosos, segue o link para a receita:

https://receitas.ig.com.br/risoto-alla-milanese-risoto-a-milanesa/4e7b2bebd81ed21c22000031.html

Copo com história: Avena, da Cervejaria Noi

Uma paixão nacional que nem todos sabem o quão variada pode ser, a cerveja tem elementos e possibilidades quase infinitas de harmonização. Por isso vou começar essa série de postagens, falando um pouco das cervejas que temos disponiveis no mercado, sempre indo além do que tem no copo, mostrando também a história da cervejaria e da cerveja.

Começando hoje com a cerveja Avena, da cervejaria Noi:

A cervejaria: Noi

“Noi” significa “nós” em italiano, em homenagem a origem italiana da família responsável pela cervejaria. No ano de 1891, com a situação difícil na Itália, o Brasil tinha incentivos para receber os imigrantes, sendo assim o passo inicial da família em terras brasileiras. Em suas terras tinham plantações semelhantes com as que possuíam em terras italianas, porém com uma época de seca em 1977, acabaram se mudando pro Rio de Janeiro em busca de melhores condições.

Em novas terras, a família começa a trabalhar em restaurantes, adquirindo habilidade e conhecimento da área. Então que no ano de 1983 empreende e cria seu primeiro restaurante, crescendo cada vez mais, até que no ano de 2008 nasce o “Noi”, restaurante especializado em cervejas artesanais. Foi o passo inicial da cervejaria, que, devido a necessidade de suprir a demanda dos restaurantes, inaugura em 2011 a fábrica Noi. Desde então vem conquistando medalhas e criando rótulos inovadores!

A cerveja: Avena

Um corpo médio e aromas adocicados vem da utilização de duas variedades de maltes de cevada, malte de trigo e flocos de aveia (que em italiano é “avena”, por isso o nome da cerveja), além destes cereais proporcionarem uma colocação castanho claro, com boa formação e estabilidade de espuma.

Os dois lúpulos utilizados na cerveja trazem um amargor médio e aromas florais, perfeitos para combinar com os toques condimentados advindos da levedura belga.

Harmonização

Uma cerveja com tanta complexidade merece pratos que ofereçam vários sabores, então um risoto de limão siciliano é pedida certa, com a acidez do prato trazendo bom contraste com o dulçor da Avena, além do amargor promovendo um equilíbrio com o risoto.

No meu caso, foi feito uma picanha assada na cama de sal grosso temperado. A maciez proporcionada pelo preparo faz com que a quantidade de amargo da cerveja seja perfeita para aguentar a carne, com o dulçor dos cereais permitindo um corte dos sabores mais salgados do prato. O uso de tomilho, noz moscada e pimenta-do-reino no tempero traz uma complexidade aos sabores da carne, para que encontre na cerveja a mesma complexidade, devido à levedura belga.

Beba menos, beba melhor

“Beba menos, beba melhor”. Pode se dizer que esse é o lema da cerveja artesanal no Brasil. Sejam produtores, profissionais da área ou apreciadores, todos concordam que no mundo da cerveja existe muito a ser aprendido e explorado. O cotidiano do brasileiro sempre mostrou essa bebida sendo consumida em grandes quantidades, extremamente gelada e perfeita para regar os dias quentes, mas a cerveja vai bem além disso…

Para todo momento, uma cerveja

Cerveja clara e cerveja escura. Para muitas pessoas essas são os dois tipos de cervejas que existem. Claro que muitos entendem que, mesmo nesses dois aspectos, existem variações na leveza e no amargor, mas se procurar um pouquinho a mais vai descobrir na cerveja uma variação de cores que vai do palha até o preto – com cores cobre, avermelhadas ou ate rosadas dentro deste espectro -, sabores doces, ácidos, amargos e até salgados ( procure pelo estilo de cerveja Gose), aromas que lembram flores, frutas, doces e biscoitos. Só de falar um pouco, já podemos ver que temos todo um universo dentro das garrafas.

Vários copos para várias cervejas

Não é preciso ter um copo especial, um grande acontecimento ou toda uma preparação. As cervejas artesanais estão num raio enorme de sabores e preços. Dias frios aceitam cervejas com teor alcoólico mais alto, então se permita investir numa garrafa de maior qualidade, pois ela será uma boa companhia para esquentar o corpo. Se ao invés de comprar grandes quantidades de uma cerveja mais padrão, num dia do fim de semana ir e conhecer a variedade de opções que pode encontrar no supermercado. Hoje em dia não é difícil achar, só cabe a você se abrir para a experiencia. “Mas é muito mais caro, por que eu pagaria mais caro e por cima ainda beberei menos?”. Para essa pergunta, vale a pena entender o que torna uma cerveja mais cara. Mas uma dica já: é totalmente ligado com qualidade!

Cada grão, cada ingrediente…

Por que as peças do boi tem valores diferentes? Por que um chocolate suíço é mais caro que um nacional? Tudo isso é por que existem qualidades diferentes para cada um destes, também inclusos no preço a complexidade para se obter aquele produto, retornando para o consumidor como algo mais saboroso. É o mesmo com as cervejas artesanais. Basicamente a cerveja tem 4 ingredientes principais: água, malte, lúpulo e leveduras. Para cada um desses existe uma gama enorme de variações, alguns tornam as cervejas mais simples, outras mais complexas. Melhores e mais diversos grãos de malte não são feitos aqui, logo precisam ser importados. Lúpulos podem oferecer diferentes aromas e intensidades diferentes de amargor, com cada país produtor tendo identidades únicas para suas plantações. A levedura é quase como um pet, onde deve ser bem cuidada, na temperatura certa e da forma certa para cada tipo de levedo usado, isso demanda atenção, foco!

Tudo isso mostra que, quando você compra uma garrafa de cerveja especial, está descobrindo uma receita nova, feita por aquela cervejaria que estudou todas as variáveis, cuidou e criou bem daquele lote para entregar algo único e saboroso para você. Com tantas variações temos vários estilos, cada um com características únicas e que ate mesmo entre eles vão ter uma complexidade de aromas e sabores. Você pode descobrir que gosta de cervejas mais amargas ao provar uma IPA ingles, ou que gosta dos condimentados de uma Witbier belga, ou ainda a surpreendente acidez de uma Catharina Sour brasileira. As opções são impossíveis de serem numeradas, então sempre tem algo novo para conhecer. Viu uma cerveja que lhe chamou atenção, ou ficou curioso com um estilo que viu na prateleira? Não tenha medo de se aventurar, caso se sinta mais seguro, procure na internet ou com profissionais da cerveja nas redes sociais para saber o que pode esperar em cada estilo. Cada cerveja traz uma história, então que se conheça as melhores!

Feijão preto à Brasileira

Não sei em outras cidades, mas aqui em Belo Horizonte sexta feira significa uma coisa: feijoada! O dia que para muitos é a preparação para um fim de semana de descanso e relaxamento vem acompanhado de um prato bem saboroso. Nosso cozido vem de misturas ao longo do tempo e do brasileiro aprendendo a se apaixonar com o feijão. Vamos então conhecer mais da origem desse prato.

Feijão entrando na alimentação

No Brasil, o feijão já era consumido pelos indígenas, que, com o descobrimento pelos portugueses da nossa terra também foi agregada a alimentação dos mesmos, que se aproveitaram e adicionaram a leguminosa a alimentação dos escravos, porém era algo que nenhum dos 3 apreciava tanto ele.

Somente os brasileiros nascidos no século XVI começaram a perceber no feijão algo além de alimento básico, começando a ter um carinho maior pelas preparações com ele. Já no século XVII, feijão e farinha eram base da alimentação, sendo consumidos no dia-a-dia com toucinho ou carne-seca. Com o crescimento da fama, no século XIX já era prato nacional!

O feijão preto forma prato indispensável na mesa do rico, e esse legume constitui quase que a única iguaria do pobre

Saint Hilaire, Francês que escreveu sobre alimentos brasileiros

MISTURA DO BRASILEIRO COM O PORTUGUÊS

A fama já estava estabelecida. O feijão já estava sendo consumido com prazer e alegria. Não demorou para que fossem criadas novas formas de preparo e consumo desse alimento. Uma dessas preparações se deu com a técnica portuguesa dos cozidos ter sido combinada com os alimentos mais comumente consumidos. Da mistura dos ingredientes brasileiros – feijão preto, toucinho e carne seca- com o cozido português se tem, pela primeira vez, a nossa querida feijoada!

Feijoada sempre cai bem com couve, laranja, arroz e farofa

No inicio era preparada somente com feijão, carne-seca ou de charque, carne fresca, pequenos pedaços de toucinho, água e sal. Com o tempo e diversas variações, foram sendo adicionadas outras partes do porco, procurando buscar toda a riqueza de sabor que esse animal poderia oferecer ao cozido. Além do que vai na própria feijoada, foram sendo introduzidos legumes e frutas, que virariam icônicos acompanhamentos da feijoada.

Muitas vezes pode se encontrar em textos e afins menções da similaridade com o cassoulet francês, alguns até afirmando que a feijoada veio na verdade deste prato, porém isso ainda não é totalmente confirmado. Mas independente se veio inspirado da França ou de Portugal, podemos dizer hoje que a feijoada é um prato e paixão 100% brasileira!

Segue o link para uma receita de uma tradicional feijoada carioca:

Receita de Feijoada Carioca – Cyber Cook